quarta-feira, 13 de março de 2013

CONDUTAS DENTRO DO DOJO


     Conhecimento nunca é demais. Apesar de já ler muito sobre como se portar dentro do DOJO, sempre me deparo com costumes que são praticados em outros locais de treino. Também veremos algumas palavras, expressões e frases em japonês e seus respectivos significados. Esse post vai servir de complemento. Se algum dia visitarmos algum DOJO que utilizem esses costumes não ficaremos tão perdidos. Espero que gostem.
     Ao entrar no Dôjô, cumprimente com 自然礼 Shizen Rei (reverência em pé) os que já estejam presente dizendo: お早うございます Ohayô Gozaimasu (Bom dia), 今日は Konnichiwa: (Boa Tarde, também usada a qualquer hora do dia como oi ou olá) ou 今晩は Konbanwa (boa noite ao cumprimentar). Se você já está no Dôjô deve-se levantar e cumprimentar o 先生 Sensei (professor) quando ele chegar.
     Antes de entrar no Tatami, vire-se para o 上座 Kamiza (local onde se encontra o 神棚 Kamidana ou santuário) e reverencie com 自然礼 Shizen Rei. Se você chegar atrasado, arrume-se depressa e espere a autorização do Sensei para entrar no Dôjô, imediatamente vá ao canto do Tatami e direcionado ao Kamiza sente-se em 正座 Seiza e cumprimente em 正座礼 Seizarei (saudação sentado), logo após reverencie o 先生 Sensei.
     No início da aula o Sensei poderá dizer でわ稽古を始まる Dewa Keiko Wo Hajimeru (vamos começar o treino) ou simplesmente どうぞ Dozô. O Senpai (aluno avançado) pedirá a todos para sentar-se dizendo: お掛け下さい Okake Kudasai e alinhar dizendo: 整列下さい Seiretsu Kudasai. Todos os praticantes se alinharão em Seiza de frente ao Kamiza, obedecendo à graduação de faixa, e dentro das faixas, por idade. O Sensei sentará em Seiza de frente a classe.
     O 先輩 Senpai ou o Sensei instruirá para executar o 黙想 Mokusô (concentração para o treino). Todos colocarão as mãos sobre o colo em 定印 Jôin (mudra com a mão direita em cima da esquerda e os polegares tocando-se ligeiramente), o olhos se fecham, mas não completamente, com as pálpebras relaxadas. Após alguns minutos, o Sensei encerrará dizendo 黙想止め Mokusô Yame (pare a concentração). Todos abrirão os olhos e colocarão as mãos nas coxas.
     Agora iniciará o 神前礼 Shinzen Rei (saudação de frente a santuário). O Sensei se virará de frente ao Kamidana e colocará suas mãos em 合掌 Gasshô (gesto com as palmas juntas) e os estudantes repetem o gesto. Então o Sensei recita o 言霊 Kotodama (uma forma de mantra, traduzido como “dizeres espirituais”): 千早振る 神の教えは 永久に 正しき 心身を守るらん Chihayafuru Kami No Oshiewa Tokoshieni Tadashiki Kokoro Mi Wo Mamoruran (1000 tremores rápidos (recorre a purificar a área)... Os ensinamentos de Deus nunca mudam ao longo da eternidade e o protegerá se você tiver uma mente/coração/espírito correto), e após ele continua: 詞韻波羅蜜大光明 Shikin Haramitsu Daikomyô (Os sons das palavras está em nosso alcance para perfeição e nos conduzirão à iluminação), então todos repetem a última parte. Logo todos então batem palmas (拍掌 Hakushô) duas vezes, executam uma reverência, e bate uma vez mais seguida por outra reverência.
     Agora se faz o Shi Rei ou reverência ao Sensei. O professor se vira de frente a classe e então o 先輩 Senpai comandará para todos corrigir a postura e se curvar ao professor dizendo 姿勢を正して、先生に礼 Shisei Wo Tadashite, Sensei Ni Rei. Os estudantes então reverenciam o Sensei, enquanto ele faz o mesmo aos estudantes, com todos dizendo 御願いします Onegai Shimasu (Por favor, me ajude). Se o professor não estiver e for o Senpai que conduzirá a aula, ele diz 姿勢を正して、神前に礼 Shisei Wo Tadashite, Shinzen Ni Rei (arrumem suas posturas, cumprimentem o santuário). Tradicionalmente quando o Sensei não está na aula o Senpai não vai para frente da classe onde o professor senta, ele fica no lugar habitual.
     Ao término da aula o Sensei pode anunciar dizendo 稽古終わり Keiko Owari. O Senpai novamente pede a todos que se sentem alinhados, o Sensei se colocará novamente em frente aos alunos e então é repetido o Mokusô conforme o comando. Ao terminar o Mokusô os procedimentos continuam como no início, porém, ao reverenciarem o Sensei é dito 有難う御座いました Arigatô Gozaimashita: Obrigado. O Sensei irá se levantar, e somente após ter saído do Kamiza, os alunos se levantarão.
     Ao sair do Tatami execute o Shizen Rei, e quando for se despedir dos companheiros no Dôjô despesa dizendo: Oyasumi Nasai (boa noite) ou Shitsurei Shimasu (mais formal - me perdoe vou partindo). Conforme o processo de amizade entre os demais praticantes, algumas formalidades, são dispensadas. Outros dizeres podem ser: Sayonara (até logo), ではまた Dewa Mata (te vejo depois ou até a próxima), また明日 Mata Ashita (até amanhã). 
     Quando houver qualquer erro de conduta dentro do Dôjô, imediatamente se curve dizendo 御免なさい Gomen Nasai (Desculpe-me).

quinta-feira, 7 de março de 2013

REIHÔ



   Praticar uma arte marcial não se resume simplesmente em aprender as técnicas, um pouco da história da mesma e da filosofia, a mensagem que ela possa tentar transmitir ao praticante (se for o caso). Há tantos outros detalhes, refinamentos que devemos praticar no dia a dia dos treinos que não nos damos conta e as vezes até fica falho por faltar, fechando a totalidade da prática. Aproveito a oportunidade para pedir desculpas se falto com a explanação desses detalhes e até mesmo o exemplo dentro do DOJO e a cobrança, relembrando a todos os praticantes desses modos.
    O Reihô é literalmente traduzido como “Modos de reverências”, mas, pode ser traduzido como "etiqueta", "maneiras" ou "cortesia." É uma conduta enraizada profundamente na cultura japonesa, e essa conduta é mostrada não somente nas artes marciais japonesas tradicionais, mas, em quase todas as atividades. Para muitas culturas ocidentais pode parecer uma "cerimônia" ou um "ritual", ato até religioso, porém, não é o caso. Essa conduta é elemento da formalidade e disciplina japonesa e é um ato considerado como educação, controle e respeito.

    O que conhecemos como Kata ou forma é vista em cada ato da vida japonesa, em alguns casos esses comportamentos são mais específicos dependendo da circunstância. Um exemplo bem definido dessa formalidade é vista no 茶の湯 Chanoyu ou Cerimônia do Chá, ou condutas corriqueiras como ao entrar em uma casa japonesa, onde os calçados são deixados na entrada (玄関 Genkan).
    Nas Artes Marciais, o Reihô é uma formalidade ainda mais importante e especifica. Foi graças a essa formalidade que muitos Bushi evitaram situações de conflito. A etiqueta foi uma necessidade fundamental na convivência entre os guerreiros. Um guerreiro tinha que agir minuciosamente conforme as regras de etiqueta, como ao entrar em uma habitação, retirar sua espada ou fixá-la na presença de outro guerreiro, mesmo ao sentar-se ou ficar de pé, existia seu lugar segundo as regras. Um exemplo pode ser mostrado ao sentar-se em Seiza (sobre os calcanhares), a forma incorreta de sentar poderia acarretar duas situações perigosas. Uma, a não encostar os glúteos sobre os calcanhares, um oponente repentino poderia aproveitar a falta de estrutura ou Kuzushi para atacá-lo. Dois, poderia parecer que essa elevação dos quadris fosse uma reação ou ameaça de ataque, e com isso, um conflito surgiria.
    Hoje, nas práticas marciais tradicionais, a necessidade da etiqueta e mais formalidade e menos necessidade de sobrevivência, porem, por estarmos treinando técnicas perigosas e muitas vezes fatais, devemos mostrar todo nosso autocontrole, respeito e disciplina com o companheiro, o ambiente e as armas de treino. O estado de 残心 Zanshin (coração, mente e espírito alerta) deve ser permanente, e o reflexo dessa disciplina será transposto para o cotidiano, aprendendo a respeitar a vida e nosso semelhante.
    E também pelo respeito à tradição ancestral, já que estamos recebendo e repassando conhecimentos seculares ou mesmo milenar de uma cultura diferente da nossa, e por tanto, devemos nos comportar com esse espírito integrado a todas essas tradições.
    O respeito, disciplina, gratidão e comprometimento na prática de qualquer arte tradicional no Japão têm uma conotação muito diferente ao visto no ocidente. Esses valores são realmente levados a sério pelos orientais.
    Em geral, no ocidente o comprometimento dura enquanto houver algum retorno, seja ele prazeroso ou material. A intolerância, impaciência e o imediatismo ocidental fazem com que ele enxergue qualquer empecilho ou dificuldade como desculpa para sua falta de disciplina, paciência e comprometimento, ao invés de colocá-los como parte de sua batalha para seu desenvolvimento pessoal.
Fonte (http://www.urawazabugeikai.com.br)

quarta-feira, 6 de março de 2013

TAI SABAKI (体捌き)


Tai Sabaki (体捌き) é um CONJUNTO DE TÉCNICAS DE MOVIMENTAÇÃO DO CORPO, ou um método de se posicionar diante de uma situação de enfrentamento. Pode ser traduzido como a gestão do corpo. É praticado por várias artes marciais japonesa e sua finalidade mor é justamente evitar o enfrentamento direto, evitando, pois, um ataque e, na sequência, deixar a pessoa numa posição vantajosa. Sendo parte de um conjunto, não se deve resumir tai sakabi apenas como esquivas.

O termo em japonês tai, dentre outros significados, quer dizer «corpo» ou «realidade». O termo sabaki, «manipulação». Tai sabaki seria, pois, a manipulação do corpo como um todo, mas sem deixar de lado o ambiente da realidade que cerca a cena de combate. Pretende-se assim que a um só tempo sejam executados defesa e ataque.
Neste tipo de deslocamento são usados fundamentalmente movimentos circulares em resposta ao impulso de um atacante, de modo que quem defende, saindo para uma das laterais, possa ficar em uma situação de vantagem em relação ao atacante.
A despeito de se falar em deslocamento, tai sabaki implica deixar o lutador em tal postura que a área de seu corpo que poderá ser atingida pelo adversário seja reduzida ao máximo, ou, eventualmente, criar uma área em que possa dissimular seus ataques – Shikaku (Ponto Cego).
Na execução da técnica deve-se mudar o corpo sem perder o equilíbrio nem a estabilidade, não levantando ou baixando a cabeça (altura do corpo). Da mesma forma, os giros e demais movimentos devem ser realizados em torno de um eixo ideal, que perpassa pelo corpo de cima a baixo, e tendo sempre o fim de retornar a uma postura mais estável, preferencialmente igual a que se executava antes do início do deslocamento – Exemplos disto é o tenkan, tenkan ho e o tenkai ashi,